Como ser vegano pode não ajudar o planeta
Calma, muita calma nessa hora, nada de pânico! Não é para você sair correndo para a churrascaria como se não houvesse amanhã e nem colocar esse artigo na lista da inquisição, caso você seja vegano. A ideia aqui é fazer uma reflexão sobre quais os tipos de mudanças nos hábitos alimentares podem realmente ajudar nosso planetinha azul.
Seria simples e bom demais se nossas escolhas fossem sempre acertadas, mas em um universo de bilhões de pessoas com pensamentos individuais — e inúmeros interesses comerciais — algumas alternativas sustentáveis podem, facilmente, descambar para um grande problema.
Quer saber como ser vegano pode não contribuir para o bem do planeta da forma como você gostaria? Fica aqui com a gente e confere este post!

Photo by Ryoji Iwata
Por que é importante rever a maneira como consumimos?
Deixando de lado aspectos socioeconômicos que facilitaram o acesso a vários tipos de alimentos nas últimas décadas, podemos dizer que nossos hábitos alimentares também passaram por uma grande transformação.
Além do aumento estrondoso do consumo de produtos industrializados e ultra processados, também aumentamos a quantidade per capta, ou seja, passamos a consumir mais como indivíduos. Tomemos como exemplo os produtos lácteos, que apresentam um crescimento médio de 1,2% ao ano desde 1999, mais produtos, mais variedade, maior a necessidade de produção.
O mercado de leites veganos e seus derivados também teve um crescimento estimado de 40 % nos últimos anos, e para atender à toda essa demanda a agricultura teve que rebolar. As consequências nem sempre são as melhores, afinal os interesses comerciais e os anseios de consumidores ávidos precisam ser satisfeitos.
A forma de cultivo pode ser um vilão?

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Sem dúvida, há apenas alguns anos a soja e seus derivados prometiam ser as grandes alternativas à pecuária extensiva e seus efeitos nocivos para nossa esfera celeste. Mas, eis que surgem as questões com as áreas de plantio e desmatamento, transgênicos, pesticidas e por aí vai. Decepção para quem procura como ser vegano sem abrir mão do consumo de proteína.
Surgem então alternativas como os leites vegetais, entre eles, o leite de amêndoas, um dos mais consumidos no mundo. Mas, você sabia que as plantações de amêndoas também estão se tornando um problema? Pois é, além de precisarem de uma imensa quantidade de água para produzirem, elas ainda necessitam da ajuda de nossas amigas abelhas para uma boa polinização e uma safra eficiente.
Isso tem sacrificado colmeias inteiras, que são alugadas — a preços tentadores — de apicultores que transportam as coitadas de um pomar à outro durante a floração. O estresse provocado pelo transporte e o alto uso de pesticidas tem colocado em risco a sobrevivência destas guerreiras, que já estão sob ameaça de extinção.

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O cultivo do abacate também tem se tornado uma questão delicada. O Chile é um dos maiores produtores mundiais do fruto, cujo cultivo concentra-se na província de Petorca, região seca, mas com um abundante lençol freático e pequenos rios. A crescente demanda pelo produto fez florescer um negócio bilionário, mas que está levando a região à escassez de água, que afeta diretamente a população local e os pequenos agricultores.
Então, como ser vegano e sustentável?
Não adianta trocar os produtos de origem animal por produtos vegetais sem entender o impacto que isso pode ter na cadeia produtiva e de consumo. Há sim opções veganas mais sustentáveis, como os leites vegetais de aveia ou inhame com castanha-do-pará, por exemplo. Além de serem receitas fáceis de fazer em casa e baratas — ok, eu sei que as castanhas não estão tão acessíveis — também são sustentáveis pela forma como são cultivadas e porque você pode usar o que sobrar em outros preparos. Desperdício zero!
Procure consumir produtos in natura, de produtores locais e que se preocupem com a sustentabilidade. Descasque mais e desembale menos! De que vale fazer uma mudança radical em termos alimentares se for para trocar os produtos de origem animal por um processado vegano de procedência duvidosa?

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Independe da sua escolha de como ser vegano, ou consumir menos carne ou se tornar vegetariano, é importante rever a forma como consumimos. Talvez diminuir a quantidade já seja um bom começo.
Há muitas outras maneiras de contribuir para o bem de nossa querida Terra. Confira também esse artigo sobre a importância dos nossos oceanos.
16 Comentários
Adorei as dicas
Obrigada
🥰🥰🥰
A vdd é que temos muitas bocas para alimentar nesse mundão de Deus, e o correto é repensar maneiras de conseguirmos tirar tudo o que a natureza pode nos oferecer da melhor maneira possível, sem “judiar” da nossa amada mãe Terra.
Exato Si, o potencial de crescimento da humanidade é ilimitado, já os recursos do planeta….
Excelente abordagem! Adorei o texto! Veganismo e sustentabilidade não andam obrigatoriamente juntos e muita gente nem imagina! Valeu, Irene!
Nossa natureza humana tende a nos levar aos extremos e depois que abraçamos uma causa muitas vezes ficamos cegos para outros pontos de vista. A reflexão é sempre um bom caminho. 😉
Amiga , lindo seu artigo. Não sabia que o Chile é um dos maiores produtores de abacate, eu adoro. Beijos
Obrigada amiga! Chile e México são os maiores produtores e, infelizmente, como tudo que envolve grandes interesses econômicos, enfrentam problemas por causa dessa agricultura agressiva. 😘
“Descasque mais e desembale menos..” amei essa frase, um artigo maravilhoso que desperta nossa consciência para rever e repensar nossa maneira de consumo, amei!!
Obrigada Fê, não sei onde ouvi, mas também achei perfeita! A reflexão é sempre mais dolorosa do que a observação, afinal quando refletimos o foco do questionamento somos nós e não o outro. Bjo
Excelente texto !! Informações claras e objetivas. Adorei !!
Obrigada Fá, reflete um pouco de nossas conversas filosóficas 😉
É sempre bom uma pitada de conhecimento para reflexão!
Parabéns pelo artigo!
Obrigada Erica. “”O que sabemos é uma gota, o que ignoramos é um oceano” (Sir Isaac Newton)😗
Parabéns pelo texto!!! Adorei 😉muito interessante!!!
Beijos 😘
Obrigada Má. 😘